11-09-2023
O que são as Placas Tectónicas e o Sismo de Marrocos
O balanço oficial 48 horas após o forte sismo registado em Marrocos já supera as 2.100 vítimas mortais e tende a agravar-se, uma vez que o terramoto atingiu uma área montanhosa de difícil acesso. As operações de busca, socorro e resgate estão em curso pelas regiões afetadas.
De acordo com o centro de monitorização geológica dos Estados Unidos, o sismo atingiu a magnitude de 6,8 na escala Richter, com uma réplica 30 minutos depois, de magnitude 4,8. Ocorreu na sexta-feira 8 de Setembro pelas 23h11 locais (mesma hora em Lisboa), com epicentro a cerca de 78 quilómetros a sudoeste de Marraquexe, aprox. 100 km abaixo da superfície, e fez-se sentir inclusive em Portugal, Espanha, Mali e Argélia.
Os terremotos não são comuns nesta região de Marrocos, com a maior atividade sísmica a nordeste, mais perto da fronteira da placa entre África e Europa (ver imagem).
O terremoto é classificado como intraplaca, uma vez que se deu numa região estável, ou seja, longe do limite entre as placas tectónicas. Marrocos está 550 km ao sul da zona de contacto entre as placas tectónicas Africana e Euroasiática.
Mas O que são as Placas Tectónicas?
Como se pode ver na imagem apresentada, a Terra é divida em camadas. A camada mais externa, chamada de litosfera (crosta continental e oceânica), rígida e resistente, é fragmentada em placas que deslizam, colidem, convergem ou se separam à medida que se movem sobre o manto (camada viscosa e adaptável).
Estes "blocos" estão em constante movimento, podendo mexer-se de forma divergente (as placas afastam-se umas das outras), de forma convergente (colisão de diferentes placas), ou transformante (movendo-se lateralmente), estes dois últimos movimentos costumam causar terremotos.
Num constante processo de criação e destruição, novas placas são criadas onde se afastam e recicladas onde convergem. Os continentes cravados na crosta migram junto com as placas que estão em movimento. Esta é a teoria da Tectónica de Placas, que descreve e examina o movimento das placas tectónicas e as forças que atuam entre elas, através de sua relação com o sistema de convecção do manto.
No caso concreto, o que passou em Marrocos?
As placas tectónicas, no caso concreto, africana e euroasiática movem-se muito lentamente, por isso os tempos de recorrência nesta região são muito longos, ou seja, é necessário decorrer algum tempo até que uma falha acumule energia suficiente para gerar um grande terremoto. Perto de Marrocos, a placa euroasiática move-se para sul e leste em relação à placa núbia (africana), a uma taxa de apenas 4 milímetros por ano.
Nesta região, o limite da placa é muito complexo, com múltiplas zonas de deformação ativas em vez de uma única falha bem definida.
Como os movimentos relativos são lentos, é difícil utilizar ferramentas como a geodésica para definir quais as falhas que estão ativas e com que rapidez se movem. Ainda temos muito que aprender sobre o perigo que representam as falhas nesta região.
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